Eu já estive morta.
- Maria Paula
- 17 de nov. de 2017
- 3 min de leitura
Pode parecer estranho o que vou dizer, mas eu já estive morta, eu estive deitada em um leito estranho, escuro eu até sentia o cheiro das flores, eu podia ouvir as pessoas dizendo nossa tão nova, tão bonita, tão cheia de vida, bobagens... Afinal o que sabiam essas pessoas sobre mim, absolutamente nada, sabiam apenas que eu existia e olhe lá, eu simplesmente estava lá deitada, aqui dentro de mim, deitada em um leito escuro e muito estranho e sentia as flores, ahhh sim eu sentia o cheio das flores era tão bom.... e mesmo deitada dentro de mim, eu caminhava de cabeça baixa, não sentia absolutamente nada, me sentia uma estranha em mim mesma, não entendia as coisas que acontecia comigo, eu fui me afogando na minha dor, dor que foi colocada dentro do meu peito, sem pedir licença ou qualquer coisa do tipo.
Eu morri, morri andando, olhando, falando, comendo e bebendo, morri. Sentia um dor dentro de mim, que se me perguntassem onde era eu diria com certeza na ALMA. A dor na alma pode ser insuportável, e ela me levou a estágios estranhos da vida, como por exemplo a não me importar com nada mais, nem com a vida e nem com a morte. Ninguém tinha culpa de nada eu que tinha deixado essa dor chegar a esse extremo, a vida é meio estranha as vezes, misturava tudo na minha mente, chegava a ter momentos de euforia, mas era como fosforo aceso, segundo depois ele apaga, era assim minha "alegria", e por que eu era tão triste assim? o porque talvez não importe, alias não importa colocar aqui o motivo das minhas lágrimas... o que importa saber o tempo que estive deitada no escuro... Todo mundo sofre as vezes não é verdade?

Todo mundo sofre e muitas vezes ficamos sem entender o por que das coisas, por que tantas feridas em único corpo, doí ver quem amamos partir, doí ver alguém que gostamos triste, doí não entender nada... absolutamente nada... Até a sua alma gritar, socorro, socorro me tire daqui, me tire desse lugar escuro, acredite é horrível ouvir sua alma gritando, um grito de socorro tão desesperador, seu coração bombeia sangue e lágrimas, seus pés ficam em carne viva de tanto caminhar sem sentido algum, o corpo seca e se torna apenas um esqueleto falante, baboseira o que importa? Afinal quem sou eu? Comigo ou sem ninguém... Então o que o que eu posso falar das flores, o cheiro delas naquele lugar escuro, poderiam ser as flores do meu velório, baboseira, não elas não eram...
E o que falar das flores, bom sinceramente falando elas me trouxeram a vida, foi o cheiro delas que levantaram aos pouquinhos, verdade, mais estranho ainda foi quando percebia flores pelas ruas onde eu caminhava, fui tirando flores das dores, fui tirando flores das lutas, das tristezas, da frieza das pessoas... fui tirando flores de tudo que me acontecia. O fato é que acordei com o grito que minha alma deu, não adiantava estar morta, não adiantava nada, não fazia diferença estar ou não estar... Então comecei plantar as mudinhas de flores das coisas que fui vivenciando no meu coração, na minha alma, e elas florescendo lindamente dentro de mim... E hoje elas estão aqui dentro compartilhando espaço com as flores de outras pessoas, um lindo jardim existe em mim, claro que mesmo com memória, porque obvio que não perdi a minha, hoje aqui estou pra dizer, que amo esse jardim dentro de mim.
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