Sempre nos perguntam sobre nossas dores físicas, sangramentos, coisas palpáveis, né? Hoje eu resolvi me virar do avesso e falar sobre um problema que veio com o Crohn! E eu quero falar sobre transtorno alimentar. É bem duro falar abertamente sobre isso. Acredito que pela conotação de fraqueza, falta de profissionalismo, falta de obstinação, falta de fé, falta do que fazer, falta de amor no coração, falta de Deus na vida, falta de louça para lavar… e não é bem assim. A bulimia veio com a insegurança, com a perda da voz! Sim Brasil, a nutricionista que vos fala.... Sem meias palavras, sem vergonha, sem amenizar: eu sofro com transtorno alimentar! Sim, essa moça que fala de amor próprio e autoestima tem problemas com isso!!!!! Eu posso dizer para você aceitar a si mesma, amar seu corpo e escolher a melhor alimentação para te nutrir…me sentindo em frangalhos por dentro. Significa que eu não me amo? E que eu sou hipócrita por estar dizendo coisas positivas? Não, significa que eu tenho uma maldita doença que passa o filtro cinza em meus olhos. E isto, por exemplo, é uma realidade que eu tive que aceitar!
Hipocrisia? Não! Tudo o que falo vem de dentro de mim, se eu não tivesse base não conseguiria. Transtornos são doenças da mente mas ainda assim, uma doença, igual câncer, bronquite, mal de Alzheimer, Doença de Parkinson, cardiopatia, insuficiência renal, diabetes, AIDS, doenças inflamatórias intestinais... Quando eu acordo é como se todos os gemidos do purgatório se fizessem audíveis. Sabe o que é normal para você? É uma vitória para uma pessoa com transtorno. Comer um prato de comida sem vomitar, sem exagero, ou até mesmo querer comer, conseguir se olhar no espelho. Vitória. Transtorno alimentar, é uma doença e não se cura com força de vontade e etc.... Quer ajudar? Não atrapalhe. Tenha empatia e entenda que a pessoa ao seu lado não vai se sentir melhor com frases de efeito. É necessário: psicoterapia, MUITA resistência, compreensão sem palpites ineficazes e desnecessários e, se for necessário, medicação indicada por um psiquiatra e todo um trabalho multidisciplinar. E SIM, conselheiros de plantão: nós estamos nos esforçando. Vocês não sabem o quanto. Não têm ideia. Jamais terão. Todos sabem que não desejo mal para ninguém, mas quem argumenta que “é frescura” não toleraria um único dia na nossa pele. Fato. Encerro minha confissão com uma frase que me consola, me sustenta: isso vai passar.